O SIMPÓSIO HISTÓRIO MISSIONÁRIO

A Vice-Província Redentorista da Bahia realizou, entre os dias 08 a 10 de novembro de 2022, em Bom Jesus da Lapa-BA, um SIMPÓSIO HISTÓRICO MISSIONÁRIO em homenagem aos 50 Anos da instalação canônica da Missão Redentorista da Bahia.

Durante a realização do simpósio tivemos três momentos interessantes com os pelos assessores (Pe. Mateus Jurus, Pe. Antônio Niemiec, Pe. Cristóvão Dworak, Prof. Sandra Coelho): memória agradecida, memória história, e memória celebrativa.

Contamos com a presença de alguns convidados: padres, religiosos, religiosas, Missionários Leigos e representantes das paróquias de Bom Jesus da Lapa. Entre os convidados, estiveram presentes no simpósio o Pe. Nelson Linhares, Provincial do Rio de Janeiro (MG e ES), o Pe. Herivelto Pereira, representando a Provincia de São Paulo, o Pe. Marcelo Araújo, coordenador da Conferência da América Latina e Caribe, Pe. Janusz Sok, o Provincial da Polônia e representantes da Diocese de Itabuna-BA.

Como parte da programação, foram lançadas duas publicações muito significativas para nós. Tratam-se do Documentário (de autoria do Pe. Francisco Micek, in memoriam – 2021) e do livro Pelos Caminhos do Meu Episcopado (de autoria de Dom Ceslau Stanula, in memoriam -2020). Ambos deixaram essas obras prontas algumas semanas antes de falecerem.

Os confrades da Vice-Província, com pouquíssima exceção, participaram desse simpósio, pois o mesmo aconteceu no lugar da Assembleia anual.

O LIVRO DO PE. FRANCISCO MICEK

É sempre bom, responsável e difícil, ao mesmo tempo, descrever a obra de um autor. Mas, por necessidade, vou me deixar enveredar por essas linhas introdutórias, tendo em vista que ao autor merece essa boa e bela recordação, que é a publicação do seu Documentário.

Conheci o Pe. Francisco Micek como promotor vocacional e foi ele quem respondeu minha carta, quando enviei para o secretariado vocacional da Missão Redentorista da Bahia. Tamanha foi a minha surpresa em receber uma carta com letras espetaculares, que mais pareciam desenhos que grafia. O mesmo escrevia com maestria e suas letras ajudavam a leitura e no encantamento visual da forma literária.

Consequentemente, o mesmo foi meu formador, já no seminário, no primeiro ano de filosofia. Era muito atencioso e cuidadoso com os formandos. Sua primeira indicação para leitura foi um catecismo popular intitulado de “Na Escola da Fé”. Semanalmente, nos reuníamos em torno dele para rever os assuntos indicados.

Era notável o seu zelo em guardar todas as informações e não perder de vistas as notícias, os fatos, os artigos e tudo o que parecia-lhe importante para ser preservado como documentário. Era um cronista nato e incentivava a anotações das crônicas, bem como os registros fotográficos de tudo o que acontecia no seminário como ao seu redor. 

O Noticiário, informativo da Missão Redentorista da Bahia (depois Vice-Província) era produzido com muito zelo por ele. E, sistematicamente, recorria aos confrades e seminaristas para que escrevessem algum texto ou descrevessem literalmente, alguns acontecimentos. Trimestralmente, o Noticiário era confeccionando nas duas versões: Português e Polonês. Posteriormente, o mesmo deu origem ao segundo informativo, com a finalidade de ser mais abreviado e de produção mensal: o Axé da Bahia. Ambos, sob a sua responsabilidade. 

Tudo o que se passava era captado por ele e transcrito no Noticiário ou no Axé da Bahia. Sempre reclamava quando alguém não escrevia nada. Mas quando não era simpático com os textos que lhe eram oferecidos, ele fazia mera notificação, recortes ou mudanças de palavras dos mesmos.  Seu perfil, porém, era de um literário e historiador nato.

Quando eu fiz a primeira visita a ele no hospital, algumas semanas antes de seu falecimento, ele me disse: “Queria falar com você mesmo. Veja: lá no computador, no meu quarto, tem todos os Arquivos que juntei esses anos todos. E, nesses últimos meses, eu estava preparando um Documentário dos 50 Anos da Missão Redentorista da Bahia, desde a chegada dos primeiros poloneses até o começo desse ano (1972 -2022). Alguns capítulos ainda estão incompletos, mas já está quase tudo pronto. Se for conveniente, seria bom publicar para guardar a história”. 

Foi a partir daí, que passei a saber que ele estava produzindo esse Documentário da história dos últimos 50 Anos dos Redentoristas da Bahia.  Ainda, durante a conversa, não me fiz de rogado e respondi: “Vamos publicar sim. Mas o senhor precisa voltar para casa para completar o que está faltando nesse documentário”. 

Ele não voltou, não terminou, mas estamos publicando sua obra memorável.

Outras caratéristicas bem próprias do Pe. Francisco Micek, podem ser contempladas na leitura desse Documentário. Pois, em todos esses anos, ele exerceu a função de historiador, organizador, produtor e distribuidor dos Informativos “o Noticiário e o Axé da Bahia”, além de ser um grande  incentivador das vocações redentoristas brasileiras e baianas para a Vice-Província. O mesmo, como se ver nessa publicação, deixou um grande legado de Documentários, Periódicos e Arquivos.

Seu testemunho nos deixou um grande exemplo de missionariedade, sensibilidade no atendimento aos romeiros, confessor admirável, trabalhador incansável, e nos momentos lúdicos, entoava com seu “vozeirão”, várias canções populares e folclóricas para alegrar as noites dos nossos encontros, assembleias e confraternizações. 

O Documentário segue a distribuição dos capítulos  e o mesmo formato de como o autor escreveu e deixou produzido. Portanto, ele fez uma obra panorâmica dos 50 Anos da Missão Redentorista na Bahia, passando pela história da Província de Varsóvia, a aceitação da Missão no Brasil,  a fudação da Missão na Bahia e os primeiros poloneses, o Santuário do Bom Jesus da Lapa, os Outros Santuários na Bahia, a Pastoral Vocaconal e a Formação dos seminaristas, as Santas Missões e o Centro Missionário, os Missionários Leigos, as Paróquias (não mencionou Juazeiro e Fazenda Coutos) e as Peregrinações da Imagem do Bom Jesus. 

Portanto, coube a alguns confrades a função de fazer algumas correções no texto e as finalizações necesárias para a sua publicação. 

Com esse documentário, não temos apenas 50 Anos de história vividos, contados, trascritos e publicado, mas a preservaação da memória de quem se preocupou em guardar com minuciosidade tudo isso. Deus lhe pague por tudo, Pe. Francisco!

Pe. Roque Silva Alves CSsR

O LIVRO DE DOM CESLAU STANULA

O presente livro nasceu da história real vivida por mim, durante quase trinta anos de vida episcopal, com bispo diocesano.  A minha vida tem a história como tantos outros. Nada de extraordinário. Nasci na roça. No meu nascimento para este mundo, no dia 27 de março de 1940, em plena segunda guerra mundial, em casa, me recebeu a parteira Senhora Anna Sokólska.

Passei a minha infância e adolescência na minha terra natal Szerzyny – Polônia. Entrei na Congregação Redentorista, recebi o sacramento da ordem, o sacerdócio, fui enviado à Missão “ad gentes”, finalmente, fui chamado ao episcopado.

Estas etapas da minha vida foram apresentadas em grandes pinceladas, porém, o maior espaço dediquei a minha vida episcopal. O título: “Pelos caminhos do meu episcopado” justifico com os momentos percorridos como bispo diocesano nas minhas duas Igrejas particulares: Floresta e Itabuna. No início pensei colocar o título “O caminho para episcopado”, mas não expressaria a minha intenção, porque os fatos narrados só nos levariam ao momento da ordenação episcopal, que igual está considerado nesta obra, porém, o meu Episcopado, eu o vivi no dia a dia, desejando corresponder ao máximo as exigências da Igreja e a necessidade do povo a mim confiado nestas duas Dioceses. Por isso acho que o título “Pelos caminhos do meu episcopado” melhor expressa o conteúdo da obra e da minha vida. 

Porque esta obra? Acho que nunca me animaria percorrer este caminho, se não fosse pertinente incentivo do meu colega, de todos os momentos da minha vida desde o seminário, o Pe. Francisco Micek, CSsR. Mais que dois anos insistia para eu escrevesse algo da vida como bispo, sendo eu, o primeiro bispo redentorista que saiu do Seminário redentorista da Província da Polônia. Ao longo dos seus mais que 250 anos da caminhada, contando ainda os tempos do São Clemente Hofbauer.  Finalmente, decidi escrever. Não foi fácil iniciar. Por onde começar? Como escrever?

Não foi de menor importância também o incentivo que recebi do Pe. José Grzywacz,CSsR, que já tem a experiência da publicação dos livros, dando me inúmeras dicas, e sempre animando e incentivando: vai, escreva, isto é importante para a história.

Claro, a minha vida episcopal e pessoal – se é que se pode separar a vida episcopal da vida pessoal – está toda escrita no “Meu Diário”, que escrevo desde 1970, e que já está no volume 64, mas este documento, só está no manuscrito (escrito mesmo na mão), e que continuo escrevendo. Para que? Não sei! Muitos fatos, caminhando “pelos caminhos do meu episcopado”, lembrei e estão amplamente e com muitos detalhes, escritos lá, e a este documento recorria muitas vezes, ao escrever a obra, o que justifica tantas indicações no rodapé deste livro. 

Foi muito difícil escolher a forma de apresentação dos fatos. Optei pelo sequência cronológica, o que justifica as vezes leves repetições.

Agradeço a Deus pela força e ânimo de escrever e a todos que me ajudaram passar estes meses “teclando” as memorias e expressando estes sentimentos.

Mas tudo “ad maiorem Dei gloriam et Mariae semper Virgo”.

Dom Ceslau Stanula, CSsR

Bispo Emérito de Itabuna.

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